Regiane deixa quadras e vira “mãe full time”

Regiane com o marido Bruno e os filhos Gabriel e Miguel

Profissional da área de Educação Física, Regiane Berardo, hoje aos 37 anos, dedicou quase duas décadas completas de sua vida ao vôlei de Americana. Foi jogadora, assistente e técnica, atuando ao lado de nomes que viraram referência na modalidade, como Bete Sartori, José Geraldo Rechinelli (Zito) e Nestor Batistuzzi.

Nascida em Americana e com familiares no bairro Antonio Zanaga, Regiane está há seis anos em Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde mora com o marido e os dois filhos – o mais velho de oito anos e o mais novo de dois anos. “Hoje estou dedicada a ser mãe full time”, disse, em contato com O JOGO. “Mas estou com alguns projetos para 2021”, ressaltou.

Regiane contou que conheceu a técnica Bete Sartori num campeonato escolar e começou a jogar vôlei aos 12 anos. Aos 15, porém, teve que parar para trabalhar e ajudar a família. Mesmo assim, manteve-se perto das quadras, auxiliando Bete nos treinamentos.

Foi com ajuda de Bete e Nestor que Regiane conseguiu fazer faculdade. A partir de então, atuou como assistente e técnica nas categorias de base. “Alcançamos grandes resultados em campeonatos estaduais e regionais. Foram números que o vôlei feminino nunca tinha atingido. Foram anos mágicos, que jamais esquecerei”, disse.

Seu último ano no vôlei e em Americana foi 2014. “Devido situações políticas, o esporte na cidade começou a sofrer com algumas mudanças. Patrocínios, limitações financeiras, tudo complicado. Para me manter, precisei entrar num projeto, do qual me tornei refém e isso interferiu muito no meu propósito”, citou.

Regiane recebeu convite para trabalhar nas categorias de base de um clube de Belo Horizonte. Decidiu encarar a aventura e refez a vida na capital mineira. Durante três anos, deu aulas numa escola de educação física. Atualmente, como já citou, dedica-se a ser mãe.

VISITAS

Como sua família continua em Americana, Regiane Berardo, sempre que possível, vem para cá. E quando isso acontece, faz questão de visitar o pessoal do vôlei. “Dou um jeito de ir até o Centro Cívico ou algum outro ginásio para ver a Bete, o Nestor, o Zitinho. Morro de saudades deles”, afirmou.

Regiane disse ter conhecimento que o esporte de Americana, já há alguns anos, vive momento complicado, sem oferecer muitas opções de eventos à população e praticamente sem equipes fortes em campeonatos de federações e associações.

“Isso (o momento do esporte local) me gera, sinceramente, uma revolta bem grande, mas sei que é reflexo pequeno do que na verdade o País todo vem vivenciado. O esporte não é mais visto como formador de valores do ser humano, como pilar importante na construção educacional como foi um dia. A política, ano após ano, nos corrói e nos mantem reféns. É triste, mas é isso”, finalizou.

Bete Sartori, Carol e Regiane, em 2008: campeãs estaduais