Reeleito, Molina destaca conquistas na LBF

Molina fica no comando
da LBF até maio de 2026

Empresário da área de saúde de Americana, Ricardo Molina foi reeleito, em março, para novo mandato de quatro anos na presidência da LBF (Liga de Basquete Feminino). Ele e seu vice Valter Ferreira ficam no comando da entidade até maio de 2026 e planejam o fortalecimento da modalidade.

Semana passada, em seu escritório, Molina recebeu O JOGO. Falou do momento atual do basquete feminino, de como pegou e do jeito que deixou a Liga e destacou as conquistas do primeiro mandato. A adequação do calendário nacional com o europeu, permitindo que as jogadoras possam atuar tanto aqui como lá em períodos distintos, é vista como um dos principais diferenciais de sua gestão.

Confira os principais trechos da entrevista.

O JOGO – Por que você quis seguir na presidência da LBF?

RICARDO MOLINA – Para que possamos, num período de mais quatro anos, ter a LBF ainda mais sólida, o que, futuramente, proporcionará a novas gestões dar continuidade e melhorar aquilo que construímos. No primeiro mandato, demos um grande passo. Tenho certeza que a maturidade da entidade e dos clubes será importante para o crescimento de todos.

O JOGO – Para esse novo quadriênio, quais as pricipais metas?

MOLINA – No primeiro mandato, fizemos um planejamento estratégico e tivemos algumas conquistas. Naturalmente, agora para os próximos quatro anos, vamos fazer novo planejamento para ver em qual momento estamos e, principalmente, onde queremos chegar. Sabemos das dificuldades, mas também o quanto avançamos. A decisão sobre as metas será feita em conjunto com clubes, atletas, enfim, com os todos envolvidos no basquete feminino.

O JOGO – Do início de sua gestão para cá, quais as conquistas estruturais que a LBF conseguiu?

MOLINA – O grande desafio quando assumimos a LBF, em 2018, foi praticamente recomeçar a entidade, que tinha apenas oito anos e precisava ser estruturada. Para isso, definimos pilares de gestão. O planejamento era fundamental, não só para que a Liga, mas também os clubes pudessem se organizar e participar de forma mais efetiva. Entendemos que a contra-partida seria importante para que pudessemos acelerar o processo de profissionalização das equipes. Usamos essa ferramenta para a LBF entregar benefícios às equipes, como passagens áreas, taxa de arbitragem. Isso foi importante para que elas pudessem investir em atletas. O pilar da transparência foi fundamental para não só fazer, mas demonstrar que a Liga é uma entidade de portas abertas. Implantamos a ISO 9001 (grupo de normas técnicas que estabelecem modelo de gestão da qualidade para organizações em geral). Fomos uma das primeiras entidades esportivas do Brasil a fazer isso, com o objetivo de desenhar todos os processos, dando característica de empresa profissionalizada. Com isso, obtivemos várias parcerias, entre elas, com o Ministério do Esporte e empresas importantes, como a GOL.

O JOGO – Dentro de quadra, o basquete feminino evoluiu nos últimos anos?

MOLINA – São duas situações. A primeira é que temos um crescimento do campeonato da LBF enquanto qualidade de equipes, equilíbrio. Estamos disputando a 11ª edição e já tivemos seis cidades diferentes como campeãs. A segunda, enquanto seleção brasileira, tivemos um título importante no Pan-Americano, porém, ficamos fora das Olímpiadas e do Mundial deste ano. Creio que seja reflexo de um projeto que já vinha desgastado de uma gestão da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), quando, lá atrás, insistíamos na necessidade de troca de comando e até hoje pagamos caro por isso. Com a nova direção, capitaneada pelo Gui Peixoto e pela Magic Paula, tenho certeza que logo vamos estar na mesma sintonia em termos de qualidade.

O JOGO – O que ainda falta para o basquete feminino brasileiro ter o mesmo destaque que o masculino?

MOLINA – Com todas as modalidades, é muito claro, é visível, seja onde for, que há uma forma muito diferente de ver o masculino e ver o feminino. Nem sempre o que é proposto a uma modalidade masculina é proposto à feminina. Com o basquete não é diferente. O basquete feminino necessita de apoio, de investimento, de reconhecimento. E nós, enquanto gestores da modalidade, precisamos fazer nossa parte para oferecer a patrocinadores, torcedores, uma modalidade cada vez melhor.

O JOGO – No seu entendimento, hoje a LBF é mais reconhecida como representante das equipes do que era antes?

MOLINA – Não tenho dúvida que a LBF hoje é muito mais democrática do que quando assumimos. É muito prazeroso quando todas as equipes participam de todas as decisões. E também as atletas, através de sua representante eleita, e dos técnicos, que terão agora seu representante eleito por eles. Isso ficou muito evidente durante a pandemia, quando foi necessário que juntos pudessemos definir o encaminhamento das decicões conforme o cenário se projetava. Tenho absoluta certeza que hoje a LBF representa na essência o que é o seu estatuto. As equipes são as reais proprietárias da entidade.

O JOGO – Está havendo um trabalho da LBF nas categorias de base das equipes para o surgimento de novas jogadoras?

MOLINA – Sempre nos fazem essa pergunta. A LBF é chancelada pela CBB para realizar o Adulto Feminino. Não temos chancela para fazer categorias de base. Entendo que essa responsabilidade seja das federações estaduais. A principal necessidade do basquete feminino no Brasil passa fundamentalmente pelo trabalho de base. Esse espaço precisa ser preenchido para que a modalidade volte com a mesma força de antigamente. Americana, por exemplo, tinha todas as categorias de base, revelando jogadoras que hoje atuam nos principais campeonatos do Brasil e até no exterior, como Leila Zabani, Débora Costa, Isabella Nicoletti, Isabela Sangalli, entre outras.

O JOGO – Em termos de produtos, quais as conquistas da LBF?

MOLINA – A Liga se profissionalizou em questões muito importantes. Em 2018, nos tormanos a primeira entidade a transmitir todos seus jogos, ora na internet, ora na tv, seja em canal aberto, seja em canal fechado. Foram 100% dos jogos. Adotamos a obrigatoridade do mascote para todas as equipes. E, o principal, alteramos calendário, que era no mesmo período do europeu, o que impedia as jogadoras de estarem nos dois campeonatos – lá e aqui. Hoje, elas fazem a disputa do europeu e do brasileiro. Essa mudança também permitiu a presença mais frequente de estrangeiras no nosso campeonato.

O JOGO – Americana e Ourinhos, que foram referência e conquistaram muitos títulos, estão afastadas das quadras já há algum tempo. Fazem falta?

MOLINA – Americana e Ourinhos tinham grande rivalidade, talvez as duas maiores equipes do basquete feminino brasileiro pelo número de títulos conquistados. Americana foi a que mais conquistou a LBF, de sete edições, ganhou quatro. E foi vitoriosa duas vezes no Sul-Americano. Ainda é a equipe com mais títulos no Brasil. Seria muito importante a volta de Americana, Ourinhos, Piracicaba… No caso de Americana, ainda maior a importância do retorno com o objetivo de divulgar o esporte e motivar crianças a terem referência e poderem ir ao ginásio ver os jogos e se envolverem. Não podemos deixar isso fora do nosso radar.