Planeta Bola: Leicester City e o título impressionante (4)

– Pretendia fazer uma coluna apenas destacando o meio-de-campo do ótimo time do Leicester que vem tomando a atenção deste semanário nas últimas semanas, porém, para não cometer injustiças, hoje vou destacar a parte defensiva e, na próxima edição, falarei sobre os meias mais avançados.

– A dupla de volantes do técnico Cláudio Ranieri tinha como mais experiente o inglês Danny Drinkwater, revelado sem qualquer destaque pelo Manchester United, que havia chegado aos Foxes em 2012, após passagens irregulares por clubes como Huddersfield, Watford e Barnsley.

– Drinkwater, antigo jogador de seleções inglesas de base, sempre foi bom passe, porém, sem tanta pegada, o que fez com que fosse preterido por onde passou, até a sua chegada ao pequeno Leicester, onde foi acolhido, fez mais de 200 jogos e encontrou o perfeito companheiro no ano do título inglês.

– O dito companheiro, francês, 1,68m, recém chegado do pequeno Caen, da França, médio volante amplamente desconhecido, N’Golo Kanté (foto) foi, com toda certeza, um dos grandes destaques do Leicester da conquista da temporada 2015/2016.

– Kanté, hoje conhecido e reconhecido, campeão do mundo pela seleção francesa e com mais de 150 jogos pelo poderoso Chelsea, marcava por todos os outros naquele ano, roubava a bola e era o pulmão de toda a equipe à frente do sistema defensivo firme e organizado do professor Ranieri.

– Mas não foi só! Ao lado do companheiro inglês, o pequeno grande francês tinha ótimo passe, especialmente para ganhar campo – passe à frente –, o que auxiliava, demais, a transição rápida que era a abordagem primordial daquele Leicester na construção de suas jogadas.

– Kanté ganhou notoriedade, em sua primeira temporada na Premier League acumulou mais de 100 interceptações e 100 desarmes durante as 37 partidas que disputou, chegando a ser o jogador com mais desarmes entre todas as competições do Velho Continente.

– A significativa marca alçou Kanté, que foi até gari na França, a uma posição de destaque no time, muito embora sua contribuição ofensiva visível tenha sido relativamente parca (1 gol e 4 assistências). Kanté era a alma, a formiga que trabalhava em prol de todo o desenvolvimento daquele campeão Leicester.

– Ao seu lado, Drinkwater desabrochou e teve espaço para iniciar a articulação sem comprometer pela sua ausência de “pegada” defensiva.

– O inglês auxiliou com 3 gols e 8 assistências nos 35 jogos que disputou, tendo sua temporada de destaque em meio a uma carreira consideravelmente mediana.

– Kanté, na temporada seguinte, foi ao Chelsea por cerca de 30 milhões de libras – R$ 130 milhões, à época –, ao passo que o seu companheiro ficou nos Foxes por mais um ano, indo, também, ao Chelsea em 2017/2018 por valores que beiraram os 35 milhões de libras – R$ 142 milhões – algo que poderia parecer injusto, mas que logo foi corrigido: Kanté hoje é um dos atletas mais bem pagos do time londrino, recebendo cerca de 325 mil euros por semana – R$ 1,4 milhão.

– A dupla, com toda certeza, se afigura como a mais memorável da história dos Foxes, se completando e demonstrando o poder de uma grande equipe potencializar talentos individuais. Vale-se a menção honrosa a Andy King e Daniel Amartey, os reservas que sempre auxiliavam quando necessário!

Fraternal amplexo.

RENAN BINOTTO ZARAMELO é advogado e jornalista