PAPO COM O ZARA

JUNINHO DIAS QUER MUDAR
LEI QUE ELE VOTOU A FAVOR

Juninho Dias, vereador do MDB, protocolou esta semana na Câmara proposta para alterar disposições na Lei 6.359, de 24 de outubro de 2019, que obriga organizadores de corrida de rua em Americana repassarem 5% do valor total das inscrições de cada prova para o Fundo Social da prefeitura. Ele agora quer que o percentual seja destinado ao Fundo de Assistência ao Esporte.

O que chama a atenção é que, na votação do projeto do ex-prefeito Omar Najar, em 2019, Juninho, de forte ligação com o esporte (ele, seu irmão e seus pais são karatecas e a vida toda representaram Americana em incontáveis competições com significativas conquistas de títulos e medalhas), votou para que os 5% fossem para o Fundo Social, então presidido por Maine Najar, filha de Omar, e não para o Fundo de Assistência ao Esporte.

Na minha santa inocência (ou ignorância, sei lá) de mais de meio século de vida e de 38 anos de jornalismo esportivo, desde o início do projeto me pareceu muito mais lógico e sensato que uma verba recolhida em um evento de esporte fosse revertida para o esporte.

Poucas semanas antes da votação, fiz algumas matérias com vereadores ligados ao esporte. Juninho foi um dos que ouvi, porque, além de ser esportista, também era o presidente da Comissão de Esportes da Câmara.

“É claro que (o dinheiro) é para ir para o esporte, com certeza era para ir, pois estamos falando de esporte”, disse, à época, o vereador/karateca.

Na sessão em que o projeto foi aprovado, Juninho Dias, no entanto, votou pelo Fundo Social. Ele e outros 13 vereadores, segundo informações da assessoria da Câmara: Otto Kinsui, Luiz da Rodaben, Kim, Pedro Peol, Alfredo Ondas, Léo da Padaria, Gualter Amado, Maria Giovana, odir Demarchi, Professor Padre Sérgio, Thiago Martins, Welington Rezende e Geraldo Fanali.

Foram contra o projeto: Thiago Brochi, Rafael Macris, Vagner Malheiros e Guilherme Mancini.

Crítico voraz do ex-secretário de Esportes Eudaldo dos Santos Cardoso, o Paraná, Juninho Dias agora tem relacionamento mais próximo e cordial com a nova comandante da área, a profissional de educação física Grasiele Rezende, a ponto de ir quase todos os dias ao Centro Cívico (onde fica a sede da secretaria) e até participar de reuniões com representantes de modalidades e outros secretários.

Talvez por isso, o parlamentar do MDB agora queira alterar a lei para corrigir um erro que poderia ter sido evitado em outubro de 2019 caso os vereadores tivessem levado mais em conta a questão esportiva do que a política…


Juninho Dias, Grasiele Rezende e Fábio Renato de Oliveira,
secretário de Meio Ambiente, esta semana, no Centro Cívico
VEREADOR EXPLICA PROPOSTA

Na noite de quarta-feira (20), por whatsapp, encaminhei três perguntas ao vereador Juninho Dias para que ele explicasse sobre sua proposta. Veja o que foi perguntado e o que foi respondido:

1 – O QUE TE LEVOU A APRESENTAR A PROPOSTA PARA ALTERAR A LEI, CONSIDERANDO QUE VOCÊ VOTOU PARA OS 5% IREM PARA O FUNDO SOCIAL AO INVÉS DO ESPORTE?

JUNINHO – Conforme eu havia dito, meu posicionamento sempre foi a favor do esporte, mas na época em que o projeto foi votado, diante das ramificações das discussões, achei inviável propor a mudança naquele momento. Com a propositura nesse momento (2021), haverá maior espaço para discussão com os vereadores e a possibilidade de direcionar esse recurso à pasta do esporte, permitindo investimentos no setor.

2 – EM 2019, QUANDO DA VOTAÇÃO DESTE PROJETO, O CENÁRIO DO ESPORTE ERA O MESMO DE HOJE. POR QUE, ENTÃO, NÃO TER OPTADO À ÉPOCA PELO FUNDO DE ASSISTÊNCIA AO ESPORTE?

JUNINHO – Como eu respondi na primeira pergunta, não era um bom momento politicamente falando para que houvesse essa mudança. A discussão na casa (Câmara) tomou muitos rumos diferentes.

3 – MESMO QUE A LEI SEJA ALTERADA, COMO VOCÊ ESTÁ PROPONDO, POSSIVELMENTE AS CORRIDAS DE RUA AINDA DEVEM DEMORAR PARA SER RETOMADAS EM VIRTUDE DA PANDEMIA. OU SEJA: O REPASSE DOS 5% SÓ ACONTECERÁ A MÉDIO-LONGO PRAZO. O QUE ISSO IMPACTA?

JUNINHO – É um projeto pensando a médio/longo prazo sim, Zara. Acredito que a chave de uma gestão inteligente e eficaz começa no planejamento. Com a mudança e aprovação dessa lei, a secretária atual poderá realizar seu planejamento também contando com essa fonte de recurso.

Por causa da pandemia, corridas de rua estão suspensas em Americana
MOBILIZAÇÃO FOI FIASCO

Importante salientar que a mobilização dos organizadores das corridas de rua e das assessorias esportivas de Americana foi um fiasco total. Alguns fizeram um barulho aqui outro ali, mas poucos se interessaram de fato pelo projeto que obriga o pagamento de 5% das inscrições para a prefeitura.

Em setembro de 2019, antes da votação do projeto, que aconteceu em outubro, houve audiência pública na Câmara para que o tema fosse debatido entre os vereadores e todos aqueles envolvidos direta e indiretamente com corridas de rua de Americana.

O número de organizadores e responsáveis por assessorias presentes na audiência foi insignificante se comparado, por exemplo, a churrascos que eles fazem.

É certo que, se o percentual vai mudar para o Esporte ou seguirá no Fundo Social, esse pessoal não tem do que reclamar, pois quando podia ter agido e até mudado a votação, a maioria se omitiu.