Diziam antigamente que “onde o goleiro joga, não nasce nem grama…”. Num futebol em que a grande marca foi ter excelentes atacantes, ser goleiro no Brasil foi algo que pouco que empolgava as crianças. A maioria queria se identificar com atacantes ou, na melhor das hipóteses com algum grande zagueiro.
Quem assiste aos campeonatos europeus dos dias atuais e vê Alisson e Ederson brilhando na Premier League e na Champions, pode imaginar que temos uma grande tradição em revelar “goalkeepers”. Até os anos 1980, a imprensa europeia costumava dizer que o Brasil era maior campeão mundial, apesar de seus goleiros…
Desde o “amaldiçoado” Barbosa da Copa de 1950, chegamos hoje a ter dois dos mais prestigiados goleiros do mundo! Para se entender como saímos de uma imagem pouco respeitosa para chegar a atual situação, temos que falar de Valdir Joaquim de Moraes (foto).
Valdir foi. ao lado de Gilmar dos Santos Neves, Castilho e Manga, um dos grandes goleiros da década de 1960. Embora nunca tenha ido a uma Copa, como os outros três (destaque especial a Gilmar, bicampeão mundial de seleções e de clubes), foi em outra função que se destacou.
Após se aposentar de uma longa carreira como titular do Palmeiras, Valdir, no fim dos anos 1960, criou a função de preparador de goleiros, até então, inexistente no Brasil. Foi o treinador de Émerson Leão, goleiro titular da seleção brasileira em duas Copas e reserva em outras duas.
A partir daí, até 1990, forjamos um número respeitável de grandes goleiros como Valdir Perez (Copa de 1982), Carlos Gallo (1986), além de outros grandes goleiros de clubes como Ronaldo, Zetti, dentre outros. Mas, é após isso que nossos goleiros começam a se destacar em gramados europeus.
Tudo começa com Taffarel que, com seu estilo pouco espalhafatoso, boa colocação e “pegador de pênaltis”, marcou como o grande goleiro da década, disputando três Copas. Seguem Dida, Júlio Cesar, Fernando Prass, Helton e outros mais. No atual século, algumas dezenas disputam Champions League e Liga Europa e vários campeonatos nacionais.
Coincidência ou não, nos dias atuais, a grama cresce, também, onde os nossos goleiros jogam…
ORESTES CAMARGO NEVES
Economista
