Lendas do Futebol: O Maracanã Setentão!

Uma coisa vou poder contar pros meus netos: eu estive no Maracanã no dia 31 de agosto de 1969, junto aos 195.513 presentes, na partida válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970, disputada entre a Brasil e a Paraguai, quando se registrou o maior público pagante oficial da história do estádio.

Fomos em ônibus fretado, que saiu de Americana, por volta das 11 horas da noite anterior e chegamos por volta das 8 horas ao Rio! Depois de uma praia e um lanche, subimos no busão e fomos ao Maracanã. Entramos no estádio por volta das 13 horas e aguardamos até as 17 horas para o jogo começar. Muito sol e muito calor, em pleno inverno carioca.

Quem vai às atuais arenas não faz a mínima ideia de como era “sofrido” assistir in loco a um jogo de futebol. Desde as bilheterias até as “acomodações” tudo era muito pouco confortável. O Maracanã, assim como os outros grandes estádios, só disponibilizava cadeiras (as chamadas “numeradas”) aos que pagavam mais caro.

Nas arquibancadas, os “arquibaldos” sentavam no concreto frio ou quente, de acordo com a insolação ou com a chuva, e os “geraldinos”, na geral, assistiam em pé, mas eram recompensados com a comemoração dos gols de seus ídolos a poucos metros de distância. Em compensação, torcidas rivais se misturavam nos estádios sem que houvessem quaisquer tentativas de linchamentos…

Sair do estádio era outro calvário. Você podia levar mais de meia hora para chegar até seu carro e, inevitavelmente, iria enfrentar absurdos engarrafamentos de trânsito! Mas, nada disso era motivo para não ir a um estádio. Principalmente, porque os ingressos eram baratos e acessíveis aos não abastados.

O velho Maraca foi palco de jogos inesquecíveis. Para mim, o mais inesquecível, foi o jogo de volta da final do Mundial Interclubes entre Santos e Milan. Os cariocas lotaram o Maracanã para assistir à virada histórica do Santos (desfalcado de Pelé) sobre o Milan, debaixo de uma insistente tempestade. Também, me recordo da vitória de 4 a 1 que o Palmeiras de Telê Santana impôs ao Flamengo de Zico, Junior e Andrade…

Voltando àquela tarde de agosto, lembro que meu coração bateu mais forte quando entrei no, então, “maior estádio do mundo”. Foi uma emoção ímpar! Meu grande sonho de criança se realizava! A partir daí só faltava “ser pai, plantar uma árvore e escrever um livro”. Falta o livro…