Lendas do Futebol: O Canal 100

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O Canal 100!

Tenho saudades de muitas coisas de minha infância, dentre elas, ir ao Cine Cacique para assistir filmes que a gente só sabia o que ia passar quando a “fita” começava… Especial era assistir ao Canal 100! Eram alguns minutos de resumo de jogos que aconteciam no grande templo do futebol brasileiro: o Maracanã.

Nossos olhos brilhavam quando a vinheta começava a tocar “Na cadência do samba” (Que bonito é…) interpretada por Waldir Calmon e sua Orquestra, em uma versão no melhor estilo Ray Conniff… Eram jogos acontecidos meses antes que, muitas vezes, só havíamos lido sobre eles na Gazeta Esportiva.

Ver Garrincha transformando seus marcadores em “João”; ver o Maracanã com mais de 150 mil torcedores (“geraldinos” e “arquibaldos”!); ver os clássicos cariocas, com “as bandeiras tremulando”; ver Pelé na seleção (aquele gol fantástico por cobertura contra a Argentina, no ‘apagar das luzes’)… Era bom demais!

O Rio de Janeiro era, então, nossa referência de viver bem! Era o Rio de “Vasco, Botafogo, América e Bangu/Maracanã em dia de Fla-Flu…”, da Bossa Nova, das “lindas morenas”, das praias, dos cartões postais e do carnaval. A rivalidade Rio-São Paulo era muito forte, mas, admitamos, nós babávamos de inveja do modo de ser carioca.

Ainda como resquício da Ditadura Vargas, antes da exibição dos filmes nos cinemas, cinejornais antecediam a apresentação dos filmes. O Canal 100, que começou na segunda metade dos anos 1950, era uma criação da produtora carioca “Líder Cinematográfica“, de Carlos Niemeyer, e realizava documentários cinematográficos de eventos importantes do país e do futebol.

Em tempos em que a televisão ainda fazia transmissões de jogos muito precárias – com uma ou duas câmeras – e pouca criatividade, o Canal 100 realizava tomadas incríveis, inclusive, de torcedores folclóricos (sem preocupações com o “politicamente correto”), agarrados aos seus radinhos de pilha, sorrindo alegremente, apesar da falta dos dentes incisivos…

Exibido em câmera mais lenta que o normal e com a narrativa, sempre com um viés dramático e (quase) ufanista, de Cid Moreira, toda criança se sentia aquele menino que via o mundo “pelo buraco da fechadura”, conforme Nelson Rodrigues se descreveu.

Saudades de um tempo em que “Fla-Flu” era só um clássico carioca…

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