Lendas do Futebol… A Laranja Mecânica

 

A LARANJA MECÂNICA!

Foi como se uma locomotiva tivesse passado por cima de nós!”. Esse foi o comentário de Pedro Vergilio Rocha, um dos maiores craques de todos os tempos, a respeito do que acabava de acontecer naquele 14 de junho de 1974! O excelente time uruguaio havia acabado de perder por 2 a 0 dos holandeses e se davam satisfeitos pelo resultado magro, diante do que foi o jogo…

Quem assistiu àquele jogo e não conhecia o “Carrossel Holandês”, teve a impressão de que eram 33 holandeses contra 11 uruguaios! Quando um jogador sul-americano pegava a bola, vinham três a quatro jogadores que tomavam a bola e saiam em velocidade para o ataque; quando um atacante uruguaio era lançado em profundidade, era flagrado em impedimento “três metros” atrás do último defensor; enfim, fosse no ataque ou na defesa, sempre haviam mais holandeses.

Rinus Mitchel, um técnico oriundo do basquetebol, impôs uma filosofia revolucionária, na qual, desde o goleiro até o último atacante, todos deveriam ter muita intimidade com a bola e todos os jogadores de linha tinham que saber tanto atacar como defender, sem muita posição fixa, quando de posse da bola.

Mitchel transformou atacantes em zagueiros, pois dizia ser mais fácil ensinar um atacante a defender do que um defensor aprender a atacar… Não bastasse isso, a geração holandesa tinha alguns jogadores muito acima de média, como Neeskens, Rep, Rensenbrink e um dos maiores gênios da bola que já se viu, Johan Cruyff (foto).

Cruyff, jogador leve e inteligente, tinha um toque “de primeira”, refinadíssimo e que impunha muita velocidade ao jogo. Quase todos os ataques e contra-ataques passavam por seu pé! Assistir ao Carrossel Holandês era como assistir a uma apresentação de ballet clássico. Representou uma verdadeira revolução na história do futebol mundial.

Como time nenhum é imbatível, a Laranja Mecânica não conseguiu o título mundial, ao perder para uma muito boa seleção alemã, que merecia, ao menos ter chegado à final, quatro anos antes. Depois de sair na frente, logo no início do jogo, mas os alemães muito organizados e com melhores jogadores viraram o jogo e conseguiram o bi mundial, diante de sua torcida.

Aquela seleção holandesa não conseguiu naquele ano e nem mesmo na Copa seguinte, quando já sem Cruyff, perderam a final para os argentinos, na mais polêmica Copa de todos os tempos… Era, ainda, um grande time, mas longe daquele de 1974! Outras seleções passaram a adotar a mesma filosofia de jogo e muitas já tinham os antídotos contra eles.

Mas, uma coisa é certa: o futebol nunca mais foi o mesmo!

ORESTES CAMARGO NEVES

Economista