Lendas do Futebol: A Era do Rádio!

 

Fiori Gigliotti foi marcante durante décadas

Até fins dos anos 1970, antes de a Rede Globo passar a fazer parte integrante do futebol brasileiro, o futebol era mais rádio do que televisão. Embora, desde fins dos anos 1950, as antigas TVs Record e Tupi já fizessem precárias transmissões ao vivo, tínhamos duas situações: aparelhos de televisão eram artigos de luxo e, durante muito tempo, as transmissões de TV ao vivo eram proibidas, alegando-se que “tiravam público dos estádios”…

Constatações e polêmicas à parte, futebol e rádio fomentaram audiência um ao outro! O rádio tinha o poder de fazer com que os ouvintes usassem a imaginação para “ver” o que os narradores e comentaristas falavam. O torcedor confiava cegamente no speaker que descrevia o que seus olhos gostariam de ver. Não havia “tira-teima” e, muito menos, o VAR! Os olhos parciais dos locutores eram os nossos olhos!

Na minha infância, meu radinho de pilhas Hitachi era meu companheiro de alegrias e tristezas, diante do que era descrito por Fiori Gigliotti, para mim, o mais marcante daqueles tempos. Dono de um estilo único, ele produziu bordões que me marcaram, como: “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo”, assim como o “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo”, passando pelo angustiante “o tempo passa, torcida brasileira!”

 

Mais tarde, Osmar Santos e José Silvério foram verdadeiros ícones do rádio esportivo do Brasil! Osmar com seus “parou por quê? por que parou?“; “ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”, “é fogo no boné do guarda“, “sai daí que o jacaré te abraça, garotinho“, “vai garotinho porque o placar não é seu“, “ele estava curtindo amor em terra estranha” e o marcante “tiro-lirolí/tiro-lirolá e que GOOOOOOOOOOOL“…

Silvério quase nos enfartava com seus exageros. Trabalhava nossa ansiedade como ninguém! Seus “espaaaalma!” e seus “’i qui’  gooooooooolaço” foram especiais. Tão inesquecíveis eram os gols importantes e as comemorações de títulos em que prefaciava com uma frase que nunca esqueceremos: “e agora, eu vou soltar a minha voz…

Desde a primeira transmissão de um jogo de futebol do rádio brasileiro, em 1932, narrado por Nicolau Tuma, entre paulistas e paranaenses – quando as camisas dos jogadores não eram numeradas (!) – até a contemporânea DAZN, primeiro serviço de streaming de esportes sob demanda, muitas histórias ficaram e com elas, muitas saudades…