Lendas do Futebol: A Copa do Mundo de 1982

Naquele começo da tarde de 5 de julho de 1982, a última seleção brasileira que encantou o Brasil (e o planeta!) se despedia de maneira inesperada da Copa do Mundo da Espanha. A geração que não havia vivido o Maracanazzo de 1950, sentiu o terrível sabor da frustração da derrota diante de um jogo ganho antes de começar…

Mesmo sem Careca (contundido) e Mário Sérgio (por questões disciplinares), ainda juntamos craques da estirpe de Zico, Sócrates, Leandro, Junior, Cerezo, Falcão e Éder em um só time. O que não é sempre que se consegue. Jogadores quase do nível daqueles que formaram as seleções de 1958/62 e de 1970! Não bastasse isso, dirigido por um dos melhores técnicos que o futebol brasileiro já teve: Telê Santana!

Após estreia difícil contra a antiga União Soviética, com dois gols salvadores nos últimos dez minutos, passamos tranquilos com goleadas, golaços e shows de bola na primeira fase, com 4 a 1 na Escócia e 4 a 0 na Nova Zelândia. Caímos na fase seguinte em uma chave difícil, em que estavam a Argentina (então, a última campeã mundial) e Itália (bicampeã do mundo).

Os italianos fizeram uma primeira fase sofrível com três jogos e três empates. No primeiro jogo desse grupo, os italianos venceram os argentinos por 2 a 1, em um jogo muito parelho. Em nossa estreia, nessa fase, fizemos uma exibição de gala, vencendo los hermanos por 3 a 1. É certo que os nossos rivais entraram em campo com a pressão de precisar vencer e sob, ainda, o efeito moral da derrota na Guerra das Malvinas. Mas, nada tira o brilho daquela vitória.

Vem a tarde fatídica do dia cinco! Tomamos dois gols de Paolo Rossi (recém vindo de uma longa suspensão) por evidente desatenção de nossa defesa. Empatemos, primeiramente, com um lindo gol de Sócrates e empatamos, mais uma vez, com um golaço de raça e competência de Falcão. Quando imaginávamos que iríamos virar o jogo, Paolo Rossi (na foto em lance com o lateral Junior) fez mais um. Pressionamos e tivemos mais duas chances claras, mas a festa foi italiana…

Acho que não houve brasileiro que não culpasse a camisa ou a meia que usou naquele jogo… Fomos dormir acreditando que algum coelho seria tirado da cartola quando acordássemos: quem sabe o Paolo Rossi seria pego no antidoping… Esquecemos de Nelson Rodrigues, que nos alertava sobre o “Imponderável de Almeida”!

ORESTES CAMARGO NEVES é economista