Camila Marin completa maratonas mais famosas

Camila Marin em Chicago, em 2018

A engenheira de produção Camila Campos Marin Rocha, 43 anos, concluiu domingo (10), no Japão, o sonho iniciado em 2014, nos Estados Unidos: completar as World Marathon Majors (WMM), circuito que envolve as seis corridas mais famosas do mundo, que são as maratonas de Berlim, na Alemanha; Boston, Chicago e Nova Iorque, nos Estados Unidos; Londres, na Inglaterra; e Tóquio, no Japão.

De família tradicional de Americana – é filha de Sandra e do ex-presidente do Rio Branco Luís Mário Marin (Tchida) -, Camila não era muita ligada a esportes na infância. O cenário mudou na juventude, quando começou nas corridas de rua.

E a modalidade ficou ainda mais intensa em sua vida quando foi morar no Rio de Janeiro e conheceu grupo de corredores que participava de maratonas tanto no Brasil quanto no exterior. Não demorou para a americanense iniciar as viagens para correr.

Camila resolveu, então, fazer o circuito WMM. Ano a ano foi completando os capítulos de seu sonho até realizar todas as seis majors. Voltou à terra natal em 2017 e hoje faz parte da assessoria Grae Team.

“Digo que foi Deus que soprou no meu ouvido e ajeitou tudo aqui para eu voltar. Ainda deu tempo de curtir meu pai por quatro anos”, revelou – Tchida faleceu em fevereiro de 2021.

Ainda sob efeito do fuso horário da capital japonesa com o Brasil, a esposa do Marcelo e a mãe da Marcela (11 anos) e da Mariana (8) conversou com O JOGO.

Confira!

O JOGO – COMO VOCÊ DESCREVE SEU SENTIMENTO AO COMPLETAR AS SEIS MARATONAS?

CAMILA MARIN ROCHA – Inexplicável! É um misto de emoções! A corrida é muito especial para mim. Nunca fui muito ligada a esportes quando criança. As aulas que menos gostava eram as de Educação Física. Mas, quando comecei a correr, me identifiquei com esse esporte. Porque a corrida não é só um exercício físico. Ela me ajuda no equilíbrio mental e, principalmente, emocional. Além do social, claro. Então, completar as  maratonas mais famosas do mundo é celebrar todas as conquistas obtidas com a corrida: física, mental, social e emocional!

O JOGO – QUAL DELAS FOI A MAIS DIFÍCIL?

CAMILA – Apesar dos percursos de Nova Iorque e Boston serem os mais difíceis, a maratona de Chicago foi marcante para mim por conta de uma dor. Dias antes de embarcar, senti uma dor no posterior de coxa e foram dias e dias de tratamento. Viajei bem e até treinei sem dor dias antes da prova. Mas, lembro como se fosse hoje, quando passei pela marcação do km 21, eu senti a dor novamente. E ela foi comigo até o final. Foi sofrido!

O JOGO – E EM QUAL VOCÊ SE SENTIU MELHOR?

CAMILA – Todas foram especiais! Difícil dizer qual foi a melhor ou a pior. Eu brinco que a melhor sempre é a mais recente… Mas Tóquio foi perfeita. O clima, o percurso, a torcida… tudo foi lindo! O sol brilhou do início ao fim da maratona.

O JOGO – QUANDO E COMO SURGIU A IDEIA DE PARTICIPAR DO CIRCUITO WMM?

CAMILA – Em 2006, fui morar no Rio de Janeiro e conheci um grupo de corrida, que se tornou minha família carioca. Muitas pessoas corriam maratonas nacionais e internacionais e sempre contavam das viagens que faziam para participar. Em 2014, uma turma decidiu correr a Maratona de Nova Iorque e eu adorei a ideia. Mas ainda não pensava em completar as seis do circuito. Em 2017, depois de correr em Berlim, comecei a sonhar com as outras majors.

Camila Marin em Boston, em 2023

O JOGO – QUEM MAIS A INCENTIVOU QUANDO VOCÊ DISSE QUE FARIA AS SEIS MARATONAS? E HOUVE ALGUÉM QUE FALOU QUE ERA UMA “LOUCURA”?

CAMILA – Sempre tive o apoio do meu marido! Apesar dele não gostar de correr, sempre soube da importância da corrida na minha vida e sempre me incentivou a alcançar meus sonhos. Minha mãe também sempre me apoiou e até acompanhou em algumas viagens que fiz para correr! Mas ouvi muita gente dizer que era “loucura” sim! Até que não era saudável tive que ouvir.

O JOGO – DESDE QUANDO VOCÊ PARTICIPA DE PROVAS DE RUA?

CAMILA – Corro há mais de 20 anos. A primeira corrida que participei foi um revezamento do Pão de Açúcar, em 2003. E a minha primeira maratona foi em Buenos Aires, no dia 10 de outubro de 2010.

O JOGO – PARA ENCARAR AS MAJORS, VOCÊ MUDOU SUA ROTINA?

CAMILA – Para correr maratona é necessário treinar. Não existe mágica! Três meses antes da prova o volume de treinos começa a aumentar. Mas, o mais difícil não são os treinos em si, e sim, conseguir conciliar os treinos com trabalho, casa, filhos, marido…

O JOGO – COMO FOI SUA PREPARAÇÃO PARA O WMM?

CAMILA – O ciclo de treinos mais difícil, de todas as majors, sem dúvida foi este último, para a maratona de Tóquio. Férias escolares, datas festivas, dias muito quentes. Tudo isso pesou na realização dos treinos. Mas a recompensa valeu a pena: medalha e mandala no peito!

O JOGO – EXISTE PRAZO/SEQUÊNCIA PARA COMPLETAR AS MAJORS? COMO FOI SEU PROJETO?

CAMILA – Não existe prazo e nem sequência correta. Comecei por Nova Iorque, em 2014. Em 2015, engravidei da minha filha caçula. Então, fiquei afastada dos treinos pesados por quase dois anos (gestação + amamentação). Em 2017, fiz a maratona de Berlim e, em 2018, a de Chicago. Em 2019, fiz o desafio da Cidade Maravilhosa – Rio – então, não teve corrida internacional. Em 2020, iria correr Londres, mas, por causa da pandemia, fiz a maratona virtual, aqui em Americana mesmo. E foi especial, pois tive o apoio de muitos amigos, além da presença do meu pai na chegada – não imaginávamos que em pouco tempo ele não estaria mais aqui conosco. Em 2022, consegui fazer em Londres e, em 2023, em Boston.  E, pra fechar com chave de ouro, 2024 fiz a de Tóquio!

Camila Marin em Tóquio, em 2024

O JOGO – COMO É PARA SE INSCREVER NAS WMM? É FÁCIL?

CAMILA – Nada fácil. Existem algumas maneiras de conseguir a inscrição, e cada Major tem sua especificidade: sorteio, índice, caridade, agência, desafios etc. Mas tudo precisa ser planejado com bastante antecedência. Consegui as minhas inscrições de várias maneiras diferentes: sorteio, repescagem do sorteio, agência e caridade. A ansiedade é grande. Mas no final, vale muito a pena!

O JOGO – E O FAMOSO KM 32, COMO VOCÊ O DESCREVE?

CAMILA – Desde que comecei a correr, aprendi a respeitar cada quilômetro rodado. E aprendi também que corrida não é apenas exercício físico. Mas muito mais mental e emocional. O km 32 é justamente quando o corpo avisa que está cansado, mas a sua mente precisa ser forte o bastante pra convencer que é necessário continuar. E é quando todas as lembranças, sentimentos, emoções vêm à tona! Meu antigo treinador do Rio dizia que após o km 32 quem comanda a corrida é a cabeça e não mais as pernas…

O JOGO – QUAIS SEUS PLANOS ESPORTIVOS DAQUI PARA FRENTE?

CAMILA – ⁠Prometi pra mim mesma que não iria mais correr maratonas, só meias-maratonas. Mas não sei se vou conseguir cumprir minha promessa… De qualquer maneira, para continuar unindo  o “útil ao agradável” – viajar para correr – estou de olho nas SuperHalfs!!