Brasil, capital: “Buenos Aires”

Durante décadas, os norte-americanos achavam que a capital do Brasil era Buenos Aires. Isso acontecia porque, além deles serem péssimos em Geografia, sempre acreditaram que os Estados Unidos são o principal país do mundo, e que os demais são apenas coadjuvantes.

De fato, Buenos Aires gozava de muito prestígio internacional. Avenidas largas (a mais larga do mundo, com 140 m!), arquitetura que lembrava a europeia, pessoas que andavam elegantemente trajadas, uma vida noturna que envolvia caminhar na madrugada sem preocupações e lojas que mantinham suas vitrines acesas a noite toda. Tudo isso mudou.

Fiz inúmeras viagens à Argentina da década de 70 em diante e pude acompanhar a decadência de um país que antes tinha um padrão de vida europeu, e que agora tinha que lidar com o resultado das ações de governos populistas e corruptos. A Argentina de hoje em nada se parece com a do passado. Inflação esperada de 70% esse ano, imposto de 30% para os exportadores de soja, uma queda de 10% do PIB em 2020 e ausência de reservas cambiais, limitando a retirada de apenas U$ 200 no banco e com tantas travas, que poucos conseguem retirar esse valor.

A população dolarizou a economia porque perdeu a confiança no Peso (moeda local), cuja cotação alcançou o astronômico valor de U$ 1 para 143 Pesos. Com relação à pandemia, as pessoas que receberam a primeira dose da Sputinik deveriam receber a segunda após 21 dias; todavia, este prazo foi prorrogado para três meses devido à falta da vacina.

Dizem na Argentina que a diferença entre o político brasileiro e o argentino é que “o brasileiro cobra comissão e faz a obra, e argentino cobra comissão e não faz a obra”. Na Argentina atual, para cada dois empregados da iniciativa privada, existe um funcionário público. Na região norte, é ainda pior: para cada um da iniciativa privada, há dois públicos, o que consome toda receita existente para pagar os salários do funcionalismo.

Entendo que as condições econômicas brasileiras são muito diferentes das argentinas. Temos uma agropecuária eficiente e um parque industrial que em muito nos diferencia; todavia, a situação argentina deve servir de exemplo para que não cometamos os mesmos erros.

OSWALDO NOGUEIRA

Empresário