Babi planeja ser técnica quando parar de jogar

Babi Honório conquistou muitos títulos com a equipe de Americana

Com carreira repleta de títulos no basquete, seja por clubes, seja por seleção, a armadora Bárbara Genoroso Honório, a Babi, nascida em Americana há 34 anos, já começa a traçar os planos de como será sua vida quando parar de jogar.

Em entrevista exclusiva ao O JOGO, Babi disse que pretende jogar por mais dois anos, no máximo, e depois planeja ser técnica de categorias de base para trabalhar na formação de atletas.

“A ideia de ser técnica não me atraia muito, mas hoje penso diferente”, revelou a armadora, que é de família de esportistas – o pai e o irmão foram jogadores de futebol e a irmã também jogou basquete – e está nas quadras desde os 8 anos.

Babi Honório é multicampeã por Americana. De todos os títulos que a extinta equipe conquistou, ela só não participou de um estadual – havia saído para jogar por São José dos Campos.

Confira os principais trechos da entrevista da armadora!

O JOGO – Com quantos anos você começou a jogar basquete?

BABI HONÓRIO – Comecei a jogar com 8 anos influenciada pela minha irmã, a Loredana. Ela treinava na escolinha do Antonio Zanaga e um dia fui acompanhá-la. Acabei treinando, peguei gosto e aqui estou até hoje nesta vida.

O JOGO – Você chegou ao time adulto com qual idade?

BABI – Embora o adulto seja a partir dos 19 anos, eu comecei com 16.

O JOGO – Quais técnicos foram marcantes em sua carreira, da formação ao profissional?

BABI – Graças a Deus sempre trabalhei com técnicos bons. Cada um deles teve sua marca de alguma forma, mas a principal, marcante mesmo, foi a Mila (Rondon, técnica das categorias de base de Americana).

O JOGO – Quais os títulos que você conquistou por Americana?

BABI – Fui quatro vezes campeã da Liga, campeã do Paulista umas quatro ou cinco vezes, campeã do Sul-Americano de Clubes, fora vários títulos de Jogos Regionais e Jogos Abertos. É o que lembro (risos).

O JOGO – Quando você foi jogar em Campinas e quais títulos ganhou lá?

BABI – Fui para Campinas no final de 2017, assim que acabou o projeto em Americana. Lá, ganhei dois títulos: um Brasileiro e um Paulista.

O JOGO – Além de Americana e Campinas, jogou onde mais?

BABI – Também tive passagem pelas equipes de Piracicaba e de São José dos Campos.

O JOGO – Quais os principais campeonatos que disputou com a seleção brasileira?

BABI – Estive em Mundial, Pré-Olímpico, Pan-Americano e Copa América.

O JOGO – Você sempre foi elogiada pelos técnicos por sua leitura rápida de jogo. Como desenvolveu essa virtude?

BABI – Olha, não sei como desenvolvi (risos). Acho que já é uma característica minha mesmo e que foi desenvolvida. Citei a Mila como a principal técnica, pois ela me ajudou muito neste processo, na minha base. Fui muito bem orientada e depois disso vem a experiência. A gente vai ficando velha, amadurecendo e melhorando.

O JOGO – Qual foi seu sentimento ao ser anunciado o fim do time de Americana?

BABI – Sentimento de tristeza por ser uma cidade com o histórico que tem no basquete, tão vencedora. E não falo isso só por ser de Americana. Claro que é muito gratificante poder jogar na minha cidade, mas há outros fatores também. O ginásio estava sempre lotado, o time sempre estava na cabeça, enfim, o maior sentimento foi mesmo de muita tristeza.

O JOGO – Qual sua opinião sobre o cancelamento da temporada 2020 da LBF?

BABI – Acredito que tenha sido a decisão mais acertada por causa dos riscos do coronavírus. Tem também a questão que nós enquanto jogadoras estávamos há muito tempo paradas e o risco de lesões seria grande. O calendário seria bem intenso e a gente poderia se sacrificar num período bem curto de tempo, prejudicando a sequência da carreira.

O JOGO – O que você anda fazendo nesta época de pandemia?

BABI – Não dá para fazer muita coisa, né. A gente praticamente não tem mais o que fazer, acabou até a criatividade. Mesmo assim, sigo treinando dentro da minha casa e comecei a correr também. Não tem muito o que fazer. Também fico vendo filmes e mexendo no celular (risos).

O JOGO – Como você acha que será o esporte, no geral, após a pandemia?

BABI – É difícil dizer. Que as coisas vão mudar, não há nenhuma dúvida, mas não dá para saber ainda como o esporte vai ficar. Torço para que possamos seguir em frente, com segurança e fazendo aquilo que a gente mais gosta.

O JOGO – Na sua opinião, quais fatores foram determinantes para o basquete feminino do Brasil não conquistar vaga para a Olimpíada e o que podemos esperar da modalidade a médio-curto prazo?

BABI – Como eu não estava no grupo, é difícil de fora falar o que pode ter acontecido. A seleção estava num momento bom, numa crescente, seria muito merecido se fosse para a Olimpíada. Para a modalidade seria importante e positivo, mas isso acontece. Basquete é um jogo de detalhes e pode custar caro. É difícil entrar nisso para falar, mas acredito que já descobriram o caminho. Se continuarem nesta mesma pegada, as chances vão aumentar. Espero do fundo do coração que continuem nesta linha, pois o Brasil voltou a se encontrar, mas como estava perdido há muito tempo, não é um processo fácil. Talvez não aconteceu para que elas possam se fortalecer e o grupo estar melhor na próxima. Claro que ficar fora de uma Olimpíada não é o ideal, mas às vezes é melhor recuar para depois avançar. Prefiro ver desta forma.

O JOGO – Cite momentos alegres e momentos tristes marcantes de sua carreira?

BABI – Os mais alegres foram todos os meus títulos, pois cada um deles teve um momento especial, e a primeira convocação para a seleção, uma coisa emocionante, sensação inexplicável. Os tristes são aqueles que perdi títulos sabendo que poderia ganhar. Esses são difíceis e ficam um bom tempo na nossa memória, pois perder para um adversário melhor, que você sabe que tinha que ralar muito, é uma coisa muito diferente do que perder para um que você sabe que tinha tudo para vencer.

O JOGO – Planeja jogar até quando?

BABI – Eu falo sempre que estou mais perto do fim do que do começo. Eu acredito que mais uns dois anos, no máximo.

O JOGO – E quando parar, já decidiu o que fazer?

BABI – Estou estudando Educação Física e talvez fique  nesta área. Ouvi a vida inteira que seria técnica. Confesso que antes essa ideia não me atraia muito, mas hoje já penso diferente. Vou direcionar para trabalhar na formação de atletas, nas categorias de base.

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