Amigos saem da arquibancada à diretoria do RB

Rafael e Luís Guilherme são amigos de infância e agora estão na diretoria

O estudante de Medicina Rafael Dutra Panhoca e o empresário Luís Guilherme Campana Gallo, ambos de 23 anos, são amigos e parceiros desde infância. Em comum no futebol, a paixão pelo Rio Branco Esporte Clube. Os dois frequentam o Estádio Décio Vitta desde criança e já vivenciaram incontáveis momentos que jamais sairão da memória.

Embora jamais tivessem imaginado tal situação, Panhoca e Gallo saíram da arquibancada e tornaram-se diretores do Departamento de Futebol do Rio Branco. Detalhe: os mais jovens da história moderna do clube de Americana, abrindo espaço para uma nova geração de cartolas.

Panhoca e Gallo têm participado de maneira efetiva do planejamento do Rio Branco para a temporada 2021, que deve começar apenas no segundo semestre. De famílias tradicionais de Americana, a dupla acredita que o glorioso Tigre da Paulista possa voltar aos velhos e bons tempos do futebol, quando foi referência na revelação de jogadores e deu muito trabalho nos jogos contra os chamados “grandes da capital”.

O JOGO conversou com Rafael Panhoca e Luiz Guilherme Gallo. Confira!

O JOGO – Sua ligação com o Rio Branco começou quando e por influência de quem?

RAFAEL PANHOCA – Começou muito cedo, lá pelos anos de 2008, 2009, através do meu avô paterno, Hélio Panhoca, que enchia o carro comigo e meus amigos, e nos levava ao Décio Vitta para acompanhar os jogos da Copa São Paulo. Nesta época, o Rio Branco fez excelente campanha na Copinha e a gente adorava ir ao estádio. A partir daí, nunca mais deixei de acompanhar.

LUÍS GUILHERME – Quem me levou para o Rio Branco foi um grande amigo, o Aldo Morelli Neto. O pai dele, o Aldo Morelli Junior, é um dos conselheiros vitalícios do clube, uma pessoa que ajudou muito o Rio Branco e ajuda até hoje. A gente estudava junto, ele passou a me chamar para acompanhar o time e nunca mais parei.

O JOGO – Enquanto torcedor, qual a maior alegria vivida com o Rio Branco e qual maior tristeza?

RAFAEL PANHOCA – Enquanto torcedor, antes de me envolver com a diretoria, uma das maiores alegrias foi ver o Rio Branco ser campeão da Série A3, em 2012. Foi inesquecível. E a maior tristeza que me recordo foi ter presenciado o descenso do time para a Bezinha.

LUÍS GUILHERME – Minha maior alegria foi ver o Rio Branco voltar para a elite em 2010. Em 2009, o time foi vice-campeão e o jogo mais marcante foi contra o São José, que garantiu o acesso. A maior tristeza foi o jogo da Copa Paulista em 2014, é até difícil falar. O Rio Branco ganhou o primeiro jogo de 3 a 0 do Independente de Limeira, mas perdeu lá  pelo mesmo placar. Como o Independente tinha feito melhor campanha, levava vantagem de jogar por dois resultados iguais. O Rio Branco parou nas quartas de finais.

O JOGO – Como você se tornou diretor de futebol?

RAFAEL PANHOCA – Nunca imaginei um dia ser diretor de futebol do Rio Branco. A única certeza que tinha é que continuaria sendo um torcedor fanático pelo clube, como sempre fui. Fazer parte da diretoria sempre foi uma coisa que vi muito longe de mim. O convite, quando me foi feito, aconteceu de maneira muito natural, não existiu formalidade de uma só pessoa tomar a iniciativa de me chamar, partiu do grupo que ali já estava. Até porque essa transição de torcedor para diretor aconteceu de forma natural, muito leve. Em 2019, o Luís Guilherme (Gallo) já acompanhava o trabalho mais de perto e por ser meu amigo particular, passei a acompanhar também, conhecendo diretores, e participando de algumas situações de forma mais esporádica, simplesmente para ajudar. Após essa temporada, fiquei mais integrado e ai surgiu o convite, que muito me deixou honrado e na hora aceitei.

LUÍS GUILHERME – Em 2018, ajudei o Rio Branco com algumas coisas. Em 2019, o Sandro Hiroshi tinha um projeto com o Bernardi para a Bezinha e ele me chamou para fazer parte. Foi bem interessante, pois o Sandro e o Bernardi são pessoas boas, do futebol, que são ídolos do Rio Branco. Tudo isso pesou para que eu aceitasse. A bem da verdade, a gente nunca pensa em ser diretor, acha que isso nunca vai acontecer, mas vai se envolvendo, vai ajudando e no final, por amor ao clube, acaba querendo ajudar ainda mais.

O JOGO – De maneira efetiva, qual é sua função na diretoria do Rio Branco?

RAFAEL PANHOCA – Sou diretor de Recursos e Captação. A principal função é angariar novos patrocinadores, novos fundos, para gerar maior renda. Também mantenho contato com os patrocinadores que já nos ajudam para que eles saibam tudo o que está acontecendo e tenham a convicção que estão envolvidos com uma instituição séria. Hoje em dia, todos os setores da diretoria estão bem definidos, mas isso não engessa a atuação dos demais. Por exemplo: na montagem do elenco, a opinião não é exclusiva de uma só pessoa. Todos opinam. Claro que há as pessoas que são da área e que vão atrás dos jogadores, que abrem negociação, mantêm contato com empresários. Hoje, tenho dedicado três, quatro horas por dia ao Rio Branco. Por estar concluindo a formação como médico, tenho procurado auxiliar o doutor Lucas Merosso, que é o chefe da equipe médica, principalmente na questão relacionada à pandemia.

LUÍS GUILHERME – Sou um dos diretores de Futebol. O que mais faço é ajudar o Bernardi (Thiago, diretor executivo) e o Tony (Ferreira, gerente) nas contratações, na montagem do time. O Gilson (Bonaldo, presidente) e o Sandro também participam bastante. Iniciamos o planejamento para 2021 já no ano passado. Acompanhamos bastante e estamos mais calejados na Bezinha para fazer um time mais forte. Passo todas as manhãs no estádio, após o almoço e no final de tarde também procuro estar presente. Também mexo bastante com a parte de patrocínios. Hoje o Rio Branco precisa muito da ajuda dos empresários da cidade.

O JOGO – O que te faz acreditar que o Rio Branco possa voltar a ser uma referência no futebol do Interior?

RAFAEL PANHOCA – Não é apenas acreditar que isso pode acontecer. Tenho a plena certeza que se tiver sequência o trabalho desta diretoria, que vem sendo feito de forma responsável, de forma transparente, de forma séria, voltado ao clube, nos próximos anos o torcedor vai ver novamente o time como referência, voltando à elite do Campeonato Paulista, voltando a revelar jogadores. Até como exemplo cito o nosso sub-20, que abriu nova rede de  captação de atletas, em parceria com outro projeto em Araras. Estamos dando um passo de cada vez, nunca maior que a perna, tudo está progredindo.

LUÍS GUILHERME – O que mais me faz acreditar é a quipe que a gente trabalha. Uma equipe honesta, comprometida, todos se doando, todos fazendo a sua parte.

O JOGO – Agora, como diretor, você tem visão de futebol diferente daquela que tinha quando era torcedor?

RAFAEL PANHOCA – Minha visão mudou totalmente, com certeza. Como torcedor, você vê o jogo com emoção, olha tudo sem pensar na razão. É amor de torcedor. Desde que entrei para a diretoria, consigo enxergar tudo com mais profissionalismo. É preciso colocar muita razão no meio disso tudo.

LUÍS GUILHERME – Hoje a visão é totalmente diferente. Como diretor, você vê e vive as dificuldades pelas quais o clube passa. Na Bezinha, o valor da cota da federação é muito baixo, quase zero, e o Rio Branco precisa e depende dos patrocinadores. Como torcedor, você fica bravo, xinga, isso faz parte, mas quando está dentro percebe o quanto é difícil. Por isso, todos têm que estar juntos para fazer o Rio Branco grande de novo.

Texto: Zaramelo Jr. | O Jogo

> > RAFAEL PANHOCA E LUÍS GUILHERME GALLO FICARAM SEM MÁSCARA DE PROTEÇÃO APENAS NO MOMENTO DA FOTO PARA O JOGO