Planeta Bola: Leicester City e o título impressionante (5)

– Seguindo na “meia-cancha” do memorável Leicester City de Ranieri, campeão inglês no título apontado por muitos como um dos mais improváveis da história do futebol, o setor ofensivo precisava de jogadores velozes o suficiente para o estilo vertical e, especialmente, bons passadores para encontrarem os atacantes em posições de finalização.

– Neste cenário, de um lado o inglês Marc Albrighton, de boa passagem pelo Aston Villa, desembarcou em Leicester em 2014, onde atuaria pelo flanco direito com velocidade e boas jogadas mano-a-mano, desequilibrando, em sua maioria das vezes, na busca do fundo para cruzamentos aos homens-gols.

– Muito embora Albrighton tenha números pouco relevantes em termos de gols, como na temporada do título em que marcou apenas duas vezes, o meio campista contribuiu com 7 assistências em seus 2.766 minutos em campo, significativo número para um extremo ou ponta, para os mais antigos, ainda mais em se tratando de jogador sem tanto destaque.

– Marc sempre teve papel importante por ser aquele cara incômodo de ser marcado, muito veloz. Ele auxiliava também no momento defensivo e infernizava os bons laterais esquerdos que atuam na liga inglesa, guardando as características necessárias ao bom funcionamento do time de Ranieri.

– Entretanto, com muito mais destaque, pelo flanco esquerdo do Leicester, surgia uma das atuais estrelas africanas que atuam na Premier League, o argelino Riyad Mahrez, vindo também em 2014 para os Foxes do Le Havre, da França.

– Habilidoso, criativo, vertical, rápido e de potente chute, Mahrez expurgou quaisquer dúvidas que pairavam sobre o seu talento na fatídica temporada do título, atuando pelo flanco esquerdo mas com liberdade criativa para flutuar por trás dos dois atacantes no 4-4-2, quase sempre rígido de Ranieri.

– Mahrez (foto) teve uma temporada brilhante, em desempenho e números, finalizando-a com um duplo-duplo: o meio-campista contribuiu para com 17 gols e 10 assistências na liga inglesa, números absurdos por si só.

– Mas os números, secos, não demonstram o deslumbre das atuações de Mahrez naquele ano: todo o planeta conheceu uma habilidade e verticalidade sem tamanho naquela calibrada perna esquerda.

– A temporada do título do Leicester serviu para abrir os olhos de gigantes europeus para o até então desconhecido meio campista de apenas 24 anos, com boas características físicas de velocidade e imposição (1m81), arremate preciso de média-longa distância e, especialmente, uma visão de jogo privilegiada.

– Assim como o Leicester tem de agradecer a Mahrez, a recíproca é verdadeira, uma vez que no sistema de criação veloz imposta por Ranieri, o meio campista cresceu em termos de criação, pois sabia que quando adquirisse para si a posse teria de rapidamente encontrar um companheiro bem posicionado, sem muita margem de erro, tendo em vista que as chances a serem criadas seriam parcas.

– O destaque do argelino permaneceu encantando na pequena equipe até a temporada 2017/2018, quando o meia finalizou com mais um duplo-duplo (12 gols e 11 assistências) e foi adquirido pelo Manchester City por cerca de 67 milhões de euros a pedido de Pep Guardiola.

– Hoje, consolidado, Mahrez é saudade em Leicester e Albrighton caminha para seus últimos dias de carreira, porém, a dupla de muita correria, extrema competência criativa e destaque no título inglês, especialmente por conta do argelino, é destacável e sempre lembrada pelos Foxes, em especial pela vitória do time de Ranieri sobre o Swansea (4×0), em casa e com show dos meio campistas que fora o gol (um cada um) mostraram na 35ª rodada daquela competição que o Leicester, a equipe do “conto de fadas”, faria história!

Fraternal amplexo.

RENAN BINOTTO ZARAMELO, advogado e jornalista